Sobre Mulheres guerreiras: No contexto inicial um cavaleiro era um pequeno dono de terras que tinha a obrigação de atender à convocação do seu suserano com armadura, lança, espada, na companhia de outros cavaleiros, escudeiros, homens de armas, milicianos e arqueiros.
Segundo a lei medieval padrão, uma mulher só poderia herdar terras se não houvessem filhos homens disponíveis. Havia exceções: em alguns países uma mulher não herdaria sob nenhuma hipótese, como no Reino da França pela Lei Sálica, mas no Reino de Navarra, as mulheres tinham o mesmo direito à herança dos homens.
Se a mulher herdasse terras e continuasse a governa-las, ela teria os mesmos deveres que um proprietário masculino, e isso incluiria o serviço militar. Se a maioria delas ficavam longe da luta real, comandando de longe havia exceções à regra, de forma que sim, havia “cavaleiras”, mulheres guerreiras.
No caso da Inglaterra, por exemplo, a partir de 1358 as mulheres passaram a ser aceitas em ordens de cavalaria, embora fossem chamadas de dames, não de knights. Na França, Toscana e Romagna as mulheres donas de terras tinham até o mesmo título que os homens na mesma situação, e na Inglaterra tinham os mesmos poderes, embora fossem chamadas de ladies.
Embora Joana D’Arc seja a mais conhecida das mulheres guerreiras por ter tomado parte na vida militar medieval, muitas outras mulheres comandaram exércitos durante a Idade Média. Aqui está uma lista das 10 guerreiras mais famosas.
1. Joana D’Arc
Ainda que sua carreira militar tenha durado pouco mais que um ano, Joana D’Arc é uma das mulheres guerreiras mais bem conhecidas da Idade Média. Como uma camponesa adolescente no nordeste da França, Joana começou a receber visões de santos dizendo-lhe para expulsar as forças inglesas de seu país. Em 1429, ela foi capaz de convencer o governante francês Charles VII a ter um exército para libertar a cidade sitiada de Orleans, a qual Joana foi capaz de libertar poucos dias depois.
Nos meses seguintes, Joana foi capaz de liderar as forças francesas à diversas vitórias contra os ingleses, permitindo que Charles fosse coroado em Reims. Sua carreira militar teve um revés quando ela foi incapaz de retomar a cidade de Paris, e em maio de 1430, ela foi capturada. Um ano mais tarde ela seria julgada e executada por heresia. Desde então, ela tornou-se um símbolo nacional da França, sendo canonizada como santa mais tarde.
2. Matilde de Canossa
Conhecida como “A Grande Condessa”, Matilde tem talvez o registo mais bem documentado de qualquer outra comandante militar na Idade Média. Como condessa da Toscana, ela comandou uma grande força militar na Itália por 40 anos. Defensora do Papado, Matilda teve o Imperador Henrique IV como seu principal inimigo, comandando diversas campanhas contra ele. Um dos escritores de sua época a descreve: “Brava e sempre vigilante, ela frequentemente atormentava os perversos. Poderosamente ela empreendeu batalhas terrivelmente violentas com o rei. Ela resistiu firmemente por esses trinta anos. Lutando de dia e de noite para suprimir a tormenta do reino.“
3. Isabela de Castela
Ferdinando de Aragão e Isabela de Castela faziam uma equipe eficaz quando se tratava de assuntos militares. Enquanto Ferdinando passava a maior parte de seu comando em campo, ela supervisionava a administração militar. Se necessário, ela fazia uma aparição entre suas tropas. Às vezes ela mesmo assumiu o comando pessoal dos exércitos no campo, conduzindo suas tropas a cercos bem sucedidos. Mais uma das nossas mulheres guerreiras.
4. Caterina Sforza
A condessa de Forli disse uma vez: “se eu devo perder por que eu sou uma mulher, então eu quero perder como um homem.” Destemida nobre italiana, Caterina esteve profundamente envolvida nas políticas papais do final do século XV. Apesar ter ganho o cognome de “Tigre de Forli” quando foi capaz de repelir um ataque veneziano em suas terras, o Papa Alexandre VI enviou seu filho Cesare Borgia para conquistá-la. Ela conduziu uma defesa robusta em Forli, mas acabou sendo capturada e levada para Roma como um troféu.
5. Lagertha
O historiador dinamarquês Saxo Grammaticus incluí em suas crônicas um relato de como Ragnar Lodbrok conduziu uma guerra com o Rei da Suécia. Durante a batalha, uma mulher chamada Lagertha distinguiu-se. Saxo Grammaticus conta que ela era “uma amazona habilidosa que, apesar de ser uma donzela, tinha a coragem de um homem, lutando com os mais bravos na linha de frente, com seus cabelos soltos pendendo sob os ombros.
Todos se maravilhavam com seus feitos incomparáveis, pois seus cabelos esvoaçantes em suas costas denunciavam que se tratava de uma mulher.”. Ragnar ficou tão impressionado com seu talento que se casou com ela e, segundo os contos mais tardios, lutou com Lagertha em suas batalhas. Enquanto alguns historiadores duvidam da exatidão histórica deste conto, há vários relatos da Era Viking com mulheres guerreiras.
Veja a série Vikings da NETFLIX.
Outras grandes Mulheres guerreiras:
- Khawlah bint al-Azwar: irmã de um dos comandantes muçulmanos nas primeiras conquistas islâmicas do século VII, por vezes ela pegava em armas para batalhar. Ela chegou a comandar tropas compostas unicamente por mulheres, tomando parte na Batalha de Jarmunque em 636, contra soldados do exército bizantino.
- Jeanne Hachette: em 1472, Carlos o Temerário liderou seus soldados borgonheses para a cidade francesa de Beauvais. Quando eles fizeram um ataque às muralhas da cidade, os cidadãos de Beauvais, incluindo as mulheres, lutaram contra eles em combate corpo-a-corpo. Uma senhora, Jeanne Laisne, pegou um pequeno machado e lutou contra o porta-estandarte da Borgonha, que era responsável por reagrupar os soldados. Ela foi renomeada Jeanne Hachette por seus concidadãos em honra da vitória.
- Isabel de Conches: o historiador anglo-normando Orderic Vitalis relata uma contenda entre Isabel de Conches, esposa de Ralph de Tosny, e Hawise, condessa de Evreux, na década de 1090. Ele escreve: “Ambas as senhoras que fomentaram tais implacáveis guerras eram persuasivas, ousadas e belas; elas dominavam seus maridos e oprimiam seus vassalos, os quais eram aterrorizados das mais variadas maneiras. Mas elas eram muito diferentes em caráter. Ao passo que Hawise era esperta e persuasiva, ela também era cruel e ávida; já Isabel era generosa, audaz e alegre e, portanto, muito amada e estimada entre os seus próximos. Em guerra, ela cavalgava armada como um cavaleiro entre outros cavaleiros. Não se mostrava menos corajosa entre sargentos-de-armas e cavaleiros em cota de malha do que a donzela Camila, orgulho da Itália entre as tropas de Turno. Ela mereceu comparação com Lampeto e Marpesia, Hipólita e Pentesileia e as outras rainhas guerreiras das amazonas…”.
- Joana de Flandres: é conhecida pela sua participação na defensa da cidade bretã de Hennebont, contra Charles, Conde de Blois. Depois de ter capturado e preso o marido de Joanna, Charles marchou contra a cidade em 1342, onde ela havia tomado as rédeas da defesa da cidade. O cronista Jean le Bel escreve que “a brava condessa estava armada e coberta em armadura, cavalgando em um imenso cavalo de rua a rua, reunindo a todos e os convocando para se juntarem às defesas. Ela pediu às mulheres da cidade e aos nobres, bem como aos outros, que trouxessem pedras para as muralhas para que estas fossem arremessadas nos atacantes, assim como vasos preenchidos com cal.”. O momento-chave do cerco foi quando ela levou 300 homens de Hennebont para incendiar o acampamento do inimigo. Por este feito, ela recebeu o cognome de “Joanna Ardente”. Joanna foi capaz de afastar os sitiantes das muralhas até que tropas inglesas chegassem e obrigassem o Conde de Blois a se retirar.
É claro que existem muitas outras mulheres guerreiras incríveis que poderiam ser incluídas nesta lista,
Fontes e Créditos Mulheres guerreiras: Texto utilizado Carlos Schwambach / Pedro Gaiao (traduzido do original em inglês) (adaptado aqui como resumo) com a gentileza da autorização da página no Facebook Repensando a Idade Média (facebook.com/RepensandoMedievo). O melhor conteúdo sobre história medieval.
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